domingo, 17 de julho de 2011

As nuances, os sentidos e o acompanhar na Doença de Alzheimer .

 DESFAZENDO NÓS


Nesta manhã ensolarada  de imverno, onde os pássaros voam insistentemente procurando os gravetos ou folhas nas plantas do caminho para seu alimento, penso que somos deuses, embora com letra minúscula, deixando Deus que nos é maior, indefinível pela sua grandiosidade a despertar em nós as potencialidades de superação na magia do amor.



Temos nosso resgate como seres em desenvolvimento, agimos pautados em emoções crenças e racionalidade como somos semelhantes à criatura da Divindade que nos ama e acolhe assim, sentimo-nos mais capacitados para dirigir nossa vida fundamentada na crença do objetivo em alcançar o fortalecimento e conquistas espirituais que nos enseja capacidades de superação quando nos deparamos com a doença que afeta nossos familiares queridos.


Sabemos que a doença se desenvolve  bem antes do diagnóstico, que os pacientes de Alzheimer, , ficam agitados e perdendo suas funções cognitivas, tronam-se confusos e acabam em perturbar relacionamentos com outros familiares, em sua inquietude, falam mal de um para outro, esquecem em seguida o que disseram e com a mesma intensidade, muitos pacientes são acometidos pela depressão que antecede a demência.

Sentem-se tristes e desanimados, fogem do convívio social agravando suas percepções de racionalidade, esquece a boca do fogão ligado, a geladeira aberta, a carteira, o caminho de volta ao lar, às chaves e confundem-se no tempo e espaço.


Muitas vezes são portadores de histórias inverídicas e irreais sobre algum acontecimento que foram protagonistas e se perdem com facilidade e até deixam seus alimentos estragarem na geladeira, confundem assim acontecimentos reais e pessoas que fizeram parte de seu convívio  social e familiar.


Estas mudanças comportamentais nem sempre são detectados pelos familiares, temos dúvidas dos fatos narrados por eles acometidos pela doença, muitas vezes o convívio familiar se torna insuportável. Na verdade não sabemos que nosso familiar está acometido por está doença.




Muitos casos a procura pela ajuda médica é demorada, existe um largo tempo entre a manifestação da demência e o diagnóstico.


Estes lapsos de tempo podem ocorrer fragilidade e dificuldades maiores nos relacionamentos no lar pelo fato do comportamento do paciente com Alzheimer ser afetado vagarosa e continuamente e os laços familiares ficarem desgastado e até se romperem sem saber que nosso querido familiar é vítima desta doença tão insinuosa e devastadora.


Um dos agravantes da doença é a dificuldade de linguagem, o vocabulário torna-se empobrecido, também as histórias dos fatos cotidianos do paciente tornam-se confusos, a repetição de perguntas, ás acusações constantes que envolvem outros familiares, a desconfiança, a perda da relação tempo e espaço são notados diariamente.

A sensação de impotência perante os obstáculos que observamos no nosso familiar afetado pela doença nos assusta e muitas vezes, somos também acometidos de medo, insegurança, fragilidades normais perante o absurdo que é compartilhar esta doença progressiva e severa, a qual não escolhe classe social e é dramaticamente cara e de proporções enormes, que nos afeta sim, e muitas vezes temos que lembrar de nós com amor, coragem e certeza que o comprometimento maior é conosco  e de maneira firme e doce, nos amando principalmente, marcando consultas médicas, dando um passeio no quarteirão e se possível com amigos, dividindo os conflitos e por alguns momentos os esquecendo, fazendo parte de grupos de apoio e nos amarmos a taql ponto que nos prometemos superar "um dia de cada vez".

Como já comentado anteriormente o diagnóstico médico é tardio, procuramos esta ajuda do pessoal da área de saúde já ressentidos, enfraquecidos, cansados e sensibilizados pelas reações do paciente que faz com que a doença onos  torna suas  vítimas, sendo assim,  quem mais convive, quem está próximo, quem permanece ao seu lado é o mais atingido, os outros familiares mais distantes , na visão do paciente com Alzheimer, são os mais estimados por que não oferecem o suporte na doença, apenas os visitam e não o incomodam com os cuidados diários.


Os cuidados que os pacientes necessitam dentro do seu lar são intensos e desgastante, é o colocar, literalmente, a mão na massa.


Percebemos que o paciente já não pode desenvolver sua vida diária como antes, com desenvoltura e autossuficiência, precisam de ajuda 24 por 24 h.

Mesmo diante da vigília constante podem sofrer incidentes dentro de casa, como queimaduras e tombos que necessitam de longas internações que culminam no avançar da doença, lembrando que uma intervenção cirúrgica agrava a doença promovendo seu avanço.


Os cuidados diários e intensivos na observação, vigília e cuidados são importantíssimo no percurso da doença que não escolhe classe social, raça ou cor e denota com as medicações, utensílios e materiais usados em seu desenrolar um custo altíssimo, sem contar com o alto custo de acompanhantes ou cuidadoras e home care [enfermeira especializada na aplicação dos medicamentos injetáveis, quando necessário.


As doenças oportunistas andam lado a lado com o desenvolvimento das fases da demência, como infecções em geral resultando no enfraquecimento do organismo do idoso.



Somos tomadas pela aflição quando noticiados pela doença que adentra nossos lares e vem com ela o descaso dos demais familiares habituados ao convívio com o paciente, nestas horas , na maioria das vezes, apenas um único membro da família torna-se responsável pelos cuidados com seu familiar com a doença de Alzheimer.


Compelidos a esta missão, muitas vezes pensamos em desistir, reação está ligada ao alto estresse dos cuidados, somos dominadas pela insegurança medo.


Nesta condição aflitiva buscamos procurar mecanismo de superação na fé e na oração, tomando a decisão de prosseguir na tarefa, corajosamente.

Muitas noites de insônia ao lado do ser que Deus nos confiou a tarefa são aureoladas ao deslevo e dedicação, acompanhando os passos inseguros do nosso familiar acometido pela doença , oferecendo-o ternura, autoconfiança e amor.


O tempo sem revoltas torna-se mais propício, lento, mas feliz.



Quando passamos por variadas emoções febris dos cuidados intensivos com o ser que Deus nos abençoou como cuidadora responsável deste familiar, recordamos as jornadas vivenciadas e emocionamos ao olhar tudo o que já passamos agradecida por haver concedido uma missão que soubemos edificar através do amor e da abnegação, nunca te arrependas desta caminhada  cintilada pelos júbilos do dever cumprido e agradeça a Deus haver-te concebido como tarefa cuja provação é conquista sublime no processo de nossa evolução.
Agradeço imensamente as amizades valiosas da Comunidade do orkut : Alzheimer Research que compartilham a leitura deste blog, são companheiras desta caminhada problemática da Doença do Alzheimer que afeta nossos familiares, são exemplos de força, fé e superação.
A compreensão de cada um que já passou por este desafio e de quem passa , juntamente com a informação e apoio do pessoal da área médica são nossos aliados, podemos e temos o direito neste percurso de: chorar, sofrer, cair e se levantar, subtraindo a culpa e nos fortalecendo intimamente a cada queda ou vitória nesta luta  "in glória", porém necessária ao nosso aprimoramento focado na fé raciocinada, cada dia oro por todas pedindo a Deus que as envolva e abençõe por que ele sempre permanece com vocês. 

Obrigada!!!! Meu  carinho e admiração 





Rosana Nied
17/07.2011




"Há tanta gente que não tem religião, mas tem compaixão, afetividade, consciência dos direitos dos outros. Por isso, defendo uma terceira via de espiritualidade, através da educação; não pela meditação, nem pela oração, mas através da consciência." (Dalai Lama)

                                                           Primavera na janela


O Sol inunda a minha cidade ... Onde as janelas abertas de meu apartamento recebem, com gratidão, a Vida. És bem vinda! Nada de extraordinário aconteceu.Tenho as mesmas cicatrizes e feridas, ainda abertas, mas é dia - outro dia - Claro! Amanheceu... Hoje, quem me despertou foi o Sol invadindo as minhas janelas. Longa noite, longa espera. Não pude fechar as persianas... Entra dia!! Estou preparada. E que Deus me ajude! (Willliam Shakespeare)

 "Volta teu rosto sempre na direção do sol e então as sombras ficarão para trás." Sabedoria Oriental

Agradecimento:
Aos ilustres doutores da alegria:

 





Um comentário:

Liede Leusin disse...

Querida Rô,
Você descreve tão bem e de uma forma clara o processo de demência. Parabéns e obrigada por nos permitir acompanhar o seu blog. Abraços. Liede Leusin